quarta-feira, julho 13, 2011

A farsa do TRATADO de VERSALHES- uma análise

   Muito já se pontuou sobre as consequencias malefícas trazidos pelo Tratado de Versalhes de 1919. Postarei aqui algumas cláusulas do Tratado e tambem os "14 pontos" do presidente norte-americano Woodrow Wilson que não foram aceitos na época. O leitor tenderá a julgar mesmo sabendo que a História prega peças em tantos. Permitam-me descrever alguns bastidores e situações que antecederam o armistício alemão em 1918 e a posterior assinatura do Tratado de Versalhes.
  Nos idos de novembro de 1918 uma delegação alemã composta pelo general Von Winterfeld e os representantes do kaiser Guilherme II, o conde Von Obendorf e Mathias Erzberger atravessam o front francês em direção a uma ferrovia na região de Compiegne. Estavam sendo aguardados e foram acomodados num vagão. Foram com a incumbencia de encerrar a grande guerra.
  A guerra já datava 4 anos e os principais aliados da Alemanha- o Império Austro-Húngaro e o Imperio Otomano- já haviam se rendido. As perspectivas de vitória para a Alemanha eram improváveis devido à resistência franco- inglesa e a chegada do "novo exército" dos EUA. Conta-se tambem as inúmeras perdas civis de ambos os lados. O combustivel da guerra- o nacionalismo exarcebado- começara a diminuir em Berlim e os levantes comunistas tornaram-se mais visiveis.
  Para o encontro com a delegação alemã foi enviado o comandante- em-chefe das forças aliadas Marechal Foch e o Almirante ingles Lord Wester Wesmyss. Com a vitoria praticamente assegurada, os Aliados pretendiam punir a Alemanha, desmantelando a sua maquina de guerra e , assim, evitar qualquer futura ameaça do vizinho germanico. Por sua vez, o bloqueio da Real Marinha Britânica continuaria nos portos alemães trazendo como consequencia, o desabastecimento da população alemã. Piorando a situação, os alemães seriam obrigados a aceitar às margens do rio Reno uma ocupação militar estrangeira.
  A reunião seguiu-se tensa e os Aliados mostraram-se inflexiveis colocando um prazo de 72 horas para a assinatura. Os comissários alemães precisariam do aval do Kaiser. Dois dias depois chegava a noticia de que o Kaiser renunciara e fugira. O império alemão tornara-se uma república. Nesse momento, e por iniciativa de Erzberger outra reunião fora marcada. Para Erzberger assinar um armisticio naquele momento seria poupar muitas vidas, mas as condições impostas eram deploráveis. O acordo finaliza-se às 5 horas da manhã. A página final com as assinaturas foi datilografada imediatamente num esforço para interromper as batalhas.
  Para os delegados alemães que assinaram o armisticio sobraria ainda o estigma de serem os "traidores da patria" como afirmariam mais tarde os nazistas. Em 1921, Erzberger (que perdera um filho na guerra assim como o marechal Foch) seria asssassinado pelos nacionalistas. As condições do armisticio foram confirmados na Conferencia de Paz de Versalhes, em 1919.


  Convido o leitor a ler o Tratado de Versalhes. É visivel a ideia de vingança e humilhação dos vencedores. Historicamente, a Alemanha do pós-guerra teve grandes dificuldades em se reeguer economicamente. As difusas ideologias tentavam alçar ao poder e naquele contexto de crise economica e politica, a ideologia da ultra-direita cresceu e convenceu. A partir das eleições de 1933, com a vitória do partido de Hitler , o Nazismo avança de maneira hegemônica na Alemanha.

O TRATADO DE PAZ DE VERSALHES (28 DE JUNHO DE 1919)

Art. 45 - Em compensação da destruição das minas de carvão no norte da França ... (a Alemanha) cede à França a propriedade inteira e absoluta das minas de carvão situadas na bacia do Sarre ...
 Art. 49 - A Alemanha renuncia a favor da sociedade das Nações ... ao governo do território (do Sarre). Ao fim dum prazo de 15 anos, a contar da entrada em vigor do presente tratado, a população do dito território será chamada a fazer conhecer a soberania sob que desejaria ver-se colocada ... (Efetuado o respectivo plebiscito, a população escolheu a soberania alemã, e o Sarre foi entregue à Alemanha) ... 

Art.51 - Os territórios cedidos à Alemanha em virtude dos preliminares de paz assinados em Versalhes a 26 de fevereiro de 1871 e do Tratado de Frankfurt de 10 de maio de 1871 (Alsácia e Lorena) são reintegrados na soberania francesa a datar do armisticio de 11 de novembro de 1918 ... 

Art.80 - A Alemanha reconhece e respeitará estritamente a independência da Áustria ...

Art. 81 - A Alemanha reconhece a completa independência do Estado tchecoslovaco ..

Art. 87 - A Alemanha reconhece a completa independência da Polônia ... 

Art. 102 - A cidade de Dantzig com o seu território, é constituida cidade livre e colocada sob a proteção da Sociedade das Nações ... 

Art. 119 - A Alemanha renuncia, a favor das Principais Potências aliadas e associadas (Estados Unidos, Império Britânico, França, Itália e Japão), a todos os seus direitos e títulos sobre as suas possessões de além-mar ... 

Art. 160 - O exército alemão não deverá compreender mais de 7 divisões 'de infantaria e três divisões de cavalaria ... 

Art. 168 - O fabrico de armas, munições e material de guerra ... não poderá ser efetuado senão em fábricas ... sob aprovação dos governos das principais potências aliadas e associadas ...

Art. 198 - As forças militares da Alemanha não deverão compreender nenhuma aviação militar nem naval...

Art.231 - Os governos aliados e associados declaram e a Alemanha reconhece que a Alemanha e os seus aliados são responsáveis, por tê-los causado, por todas as perdas e danos, sofridos pelos governos aliados e associados e seus naturais, em conseqüência da guerra

(VOILLIARD. O. e outros. Documentos de História. I,,: FREITAS. Gustavo de. 900 Textos e Documentos de Histôria.  Lisboa, Plátano Editora, s/d. v. III. p. 273.) 


Segue abaixo para análise o texto condensado dos "14 pontos" do presidente Wilson, entendido na época como um texto que objetivava "a paz sem vencedores":

1) Inaugurar pactos de paz, depois dos quais não deverá haver acordos diplomáticos secretos, mas sim diplomacia franca e sob os olhos públicos;
2) Liberdade absoluta de navegação nos mares e águas fora do território nacional, tanto na paz quanto na guerra, com exceção dos mares fechados completamente ou em parte por ação internacional em cumprimento de pactos internacionais;
3) Abolição, na medida do possível, de todas as barreiras econômicas entre os países e o estabelecimento de uma igualdade das condições de comércio entre todas as nações que consentem com a paz e com a associação multilateral;
4) Garantias adequadas da redução dos armamentos nacionais até o menor nível necessário para garantir a segurança nacional;
5) Um reajuste livre, aberto e absolutamente imparcial da política colonialista, baseado na observação estrita do princípio de que a soberania dos interesses das populações colonizadas deve ter o mesmo peso dos pedidos equiparáveis das nações colonizadoras;
6) Retirada dos Exércitos do território russo e solução de todas as questões envolvendo a Rússia, visando assegurar melhor cooperação com outras nações do mundo. O tratamento dispensado à Rússia por suas nações irmãs será o teste de sua boa vontade, da compreensão de suas necessidades como distintas de seus próprios interesses e de sua simpatia inteligente e altruísta;
7) Bélgica, o mundo inteiro concordará, precisa ser restaurada, sem qualquer tentativa de limitar sua soberania a qual ela tem direito assim como as outras nações livres;
8) Todo território francês deve ser libertado e as partes invadidas restauradas. O mal feito à França pela Prússia, em 1871, na questão da Alsácia e Lorena, deve ser desfeito para que a paz possa ser garantida mais uma vez, no interesse de todos;
9) Reajuste das fronteiras italianas, respeitando linhas reconhecidas de nacionalidade;
10) Reconhecimento do direito ao desenvolvimento autônomo dos povos da Áustria-Hungria, cujo lugar entre as nações queremos ver assegurado e salvaguardado;
11) Retirada das tropas estrangeiras da Romênia, da Sérvia e de Montenegro, restauração dos territórios invadidos e o direito de acesso ao mar para a Sérvia;
12) Reconhecimento da autonomia da parte da Turquia dentro do Império Otomano e a abertura permanente do estreito de Dardanelos como passagem livre aos navios e ao comércio de todas as nações, sob garantias internacionais;
13) Independência da Polônia, incluindo os territórios habitados por população polonesa, que devem ter acesso seguro e livre ao mar;
14) Criação de uma associação geral sob pactos específicos para o propósito de fornecer garantias mútuas de independência política e integridade territorial dos grandes e pequenos Estados.
Fonte: Folha on line





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