terça-feira, agosto 09, 2011

CRIMES CONTRA A HUMANIDADE: AS BOMBAS ATOMICAS DE NAGASAKI E HIROSHIMA


 A primeira bomba atômica já tinha matado (de forma instantanea) mais de 80.000 civis em Hiroshima, data infame de 6 de agosto de 1945. Considerada por muitos da cúpula aliada como desnecessária, a segunda bomba (agora de plutônio) explodiu em Nagasaki em 9 de agosto de 1945, matando mais de 60.000 civis. A apelidada "Fat man" levaria o imperador Hiroito a se render incondicionalmente cinco dias depois.
Antes de se decidirem pelo  lançamentos das bombas, os aliados (leia-se EUA e Inglaterra) planejavam um plano de invasão do Japão. O "Down Fall" deveria mobilizar 5 milhões de soldados aliados, 8.600 aviões e a maior parte das frotas americana e britanicas, sob as ordens do almirante Chester Nimitz. Previa-se que a campanha começaria no inicio de 1946 e acabaria dentro de 18 meses.
O plano calculava um grande número de baixas norte-americanas e inglesas. O teste bem sucedido de uma nova arma em julho de 1945 mudaria a ofensiva anglo-saxã. Em 17 de julho de 1945 durante a Conferencia de Potsdam, Churchill recebeu do secretario de Defesa dos EUA um bilhete de poucas palavras: "o parto foi feliz." A bomba atômica era uma realidade depois das experiencias bem sucedidas de Alamogordo, Novo México.

      Abaixo encontra-se um relato histórico sobre a explosão em Hiroshima:

"Para os que lá estavam e sobreviveram, a lembrança do instante em que o homem, pela primeira vez, desencadeou contra si mesmo as forças naturais de seu universo é de um relâmpago de pura luz, ofuscante e intensa, mas de uma terrível beleza e variedade (...). Se houve algum som, ninguém o ouviu.O relâmpago inicial gerou uma sucessão de calamidades. Primeiro veio o calor. Durou apenas um instante, mas foi de tal intensidade que derreteu os telhados, fundiu os cristais de quartzo nos blocos de granito, chamuscou os postes telefônicos numa área de três quilômetros e incinerou os seres humanos que se achavam nas proximidades, tão completamente que nada restou deles, a não ser suas silhuetas, gravadas a fogo no asfalto das mas ou nas paredes de pedra. Depois do calor veio o deslocamento de ar, varrendo tudo ao seu redor com a força de um furacão soprando a 800 quilômetros por hora. Num círculo gigantesco de mais de 3quilômetros, tudo foi reduzido a escombros.Em poucos segundos, o calor e o vendaval atearam milhares de incêndios.Em alguns pontos, o fogo parecia brotar do próprio chão, tão numerosas eram as chamas tremulantes geradas pela irradiação do calor.
Minutos depois da explosão, começou a cair uma chuva estranha. Suas gotas eram grandes e negras. Esse fenômeno aterrador resultava da vaporização da umidade da bola de fogo e de sua condensação em forma de nuvem. À medida que a nuvem, formada de vapor de água e dos escombros pulverizados de Hiroshima, atingia o ar mais frio das camadas superiores, condensava-se, caindo sob a forma de chuva negra que não apagava os incêndios, mas aumentava o pânico e a confusão (...).
Depois da chuva veio o vento - o grande vento de fogo -, soprando em direção ao centro da catástrofe e aumentando de violência à medida que o ar de Hiroshima ficava cada vez mais quente. O vento soprava tão forte que arrancava árvores enormes nos parques onde se abrigavam os sobreviventes. Milhares de pessoas vagavam às cegas e sem outro objetivo a não ser fugir da cidade de qualquer maneira. Ao chegarem nos subúrbios, eram tomadas, a princípio, por negros e não japoneses, tão enegrecidas estavam. Os refugiados não conseguiram explicar como foram queimados. 'Vimos um clarão', contavam, 'e ficamos assim”.

(Trechos do livro No High Ground, de Flelcher e Charles Bailey.)



 Abaixo uma matéria extraída da edição especial da Super Interessante  “59 heróis (quase) anônimos da 2ª guerra”  junho 2011:

                      O DIA que virou noite

"Na hora da explosão, em Hiroshima, Morita o ouviu nada. Percebeu apenas uma luz,
como o flash de uma câmera. Foi arremessado a 10 metros de distância, desmaiou e,
quando voltou a si, o dia tinha virado noite, embora fossem 8h15 da manhã. Era 6 de
agosto de 1945. Morita liderava um grupo de 15soldados da Polícia Militar que se preparava
para construir um abrigo de armamentos. Estava a 1,3 krn do epicentro da explosão (no
corão da cidade) e de costas para o local. Descobriu que as costas e a nuca estavam
queimadas, sem imaginar que eram resultado de uma bomba atômica. Depois do estouro,
caiu uma chuva negra, que a população pensava ser óleo jogado pelos americanos para
provocar incêndios, como acontecera em quio. Tratava -se na realidade de chuva ácida,
fruto da radiação em contato com a atmosfera. "Nunca esquecerei o que vi. Milhares de
corpos queimados, o fogo avançando sobre pessoas que imploravam por ajuda ... Parecia
o fim do mundo", diz o japonês, de 86 anos, que vive no Brasil desde 1956. Passado o momento de estupefação, ele decidiu agir. Apenas um de seus colegas sobreviveu. Levantaram-se com dificuldade e se dirigiram ao centro da cidade. Encontraram crianças em duas casas próximas;
uma delas, um bebê. Morita e o companheiro ajudaram a resgatar as criaas e suas mães, que foram recolhidas por jipes militares e levadas a hospitais. Mas não havia médicos suficientes para todos.
"As pessoas andavam como zumbis, sem rumo, os braços para a frente, com a pele do corpo e as unhas caindo."
Das áreas montanhosas mais afastadas do centro, onde foram montados postos de atendimento às vítimas, ele viu a cidade arder. Quase nada restou. Morita não tem ideia de quantas pessoas
socorreu naquele dia ao lado dos poucos soldados que conseguiram se manter de pé após o impacto da bomba. "As vítimas praticamente derreteram. Teve gente que tentamos puxar dos escombros e se desfez em nossas mãos." Ele ficou dois dias sem comer nem beber nada. Temia que tudo estivesse contaminado. Estava certo. Ele atribui sua sobrevivência ao fato de ser jovem e forte, estar bem alimentado, protegido com um capacete de ferro e de costas para o centro da explosão. "Era um negócio horroroso, como jamais tínhamos visto igual", afirma Morita, hoje dono de uma loja no bairro do Jabaquara, na Zona Sul de São Paulo.

                       HIBAXUSHAS
Médicos e técnicos americanos que ocuparam Hiroshima após a destruição examinaram os sobreviventes - 100 mil pessoas de uma população de 250 mil morreram de imediato -, mas os laudos jamais foram entregues aos sobreviventes, conhecidos como hibakushas ("sobreviventes da bomba", em japonês).
Três dias depois foi a vez de Nagasaki. A bomba, apelidada de Fat Man, atingiu a cidade portuária. Mais de 80 mil pessoas de uma população de 240 mil morreram no mesmo instante. Yoshitaka Samedirna - um brasileiro filho de japoneses que havia retomado ao país - estava dentro de um navio do Ercito nipônico quando o artefato nuclear foi lançado.
"O navio balançou de um lado para outro como se fosse um brinquedo nas mãos de um gigante. Smos, e estava tudo escuro. A cidade estava arrasada." Ele tinha 16 anos. Samedima engoliu o medo e saiu com alguns companheiros para tentar ajudar as vítimas. "Demoramos muito para encontrar por causa do entulho e ferro retorcido nas ruas. O cheiro de morte era difícil de aguentar", afirma, hoje, aos 83 anos. "Àrvores, prédios, casas, escolas e hospitais estavam destruídos. O incidente deixou Samedima, que vive em Suzano, na Grande São Paulo com
manchas brancas na pele. Por causa das marcas foi reconhecido como hibakusha por Morita, que o convidou a integrar a Associação das Vítimas da Bomba Atômica no Brasil.
Samedirna acredita que ajudou a socorrer junto com seus companheiros, entre 800 e mil pessoas.
"Tivamos as vítimas dos escombros e mandávamos para os poucos hospitais que estavam de pé ". relembra. "Cada viagem de caminhão levava 20  pessoas, e fizemos umas 20 em dois dias para dar conta dos feridos." Apenas os militares tinham provisões, que dividiam com as vítimas. "Todos choravam, gritavam e pediam água, mas tínhamos instruções de dar o mínirno possível de água porque sabíamos que estava contaminada", disse o aposentado. Os veteranos do Exército e da Marinha japonesa, segundo ele, se recusaram a entrar em Nagasaki por medo de contaminação. "A gente não sabia direito o que era radiação, mas eu tinha de ajudar as pessoas e não me preocupei com isso." Samedima voltou ao Brasil apenas nos anos 1970 para cuidar do pai, que teve câncer de garganta. Desde então esteve quatro vezes em Nagasaki para fazer tratamento contra os efeitos da radiação. Apartir de 1984, quando fundou a associação, Takashi Morita teve de entrar, sem querer, em outra batalha. O governo japonês só oferecia ajuda aos hibakushas que viviam no Japão. Na rígida cultura nipônica, os que saíram do país eram vistos como ingratos. Acabou entrando na Justiça contra o governo para garantir seus direitos e os dos
cerca de 130 sobreviventes que vivem no Brasil. "Ele sofreu um infarto porque jamais pensou que teria de acionar o governo japonês. Meu pai ainda é muito ligado à tria natal", afirma a filha, Yasuko Saito. Morita venceu. Hoje o Japão oferece uma pensão de um salário mínimo mensal e atendimento médico às vítimas da bomba no Brasil. Uma vez por ano, médicos especializados atendem os hibakushas brasileiros." 


                      trecho do documetário Hiroshima (BBC)
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Para a maioria das pessoas que se propõem a questionar fica a dúvida sobre a necessidade do uso das armas de amplo alcance destrutivo. Em 1945 o Japão encontrava-se só na grande guerra e suas indústrias estagnadas. Sobrava o orgulho suicida,o nacionalismo e a preeminente derrota militar. 
Do lado vitorioso, os russos sob liderança de Stalin avançavam sobre os paises antes ocupados pelos nazistas e impunham outra ocupação. Quando Churchill alarmou para Trumann que uma "cortina de ferro" avançava na Europa, Stálin não tinha chegado a 2/3 da expansão pretendida. Sabiamente dissimulou Roosevelt nas conferencias de Teerã (novembro-dezembro de 1943) e Yalta (4-12 fevereiro) quando se comprometeu a respeitar as lideranças e o sistema politico das nações "libertadas". O tempo mostraria que a guerra não era de libertação e sim uma nova ocupação se concretizaria. Stalin confessara a Tito, chefe do governo iugoslavo pós-nazismo: "esta guerra não se parece com as do passado: quem ocupa um território impõe seu sistema social". 
A ultima conferencia em Postdam (17julho-2agosto) foi marcada por conversas sigilosas e apreensões. Os aliados dentre inúmeras conversas veladas decidiram contar sobre a nova tal arma aos russos. Coube a Trumann avisar Stalin algo que ele mesmo já sabia devido aos inúmeros espiões soviéticos infiltrados. " Tenha sorte ao usar esta arma" disse o lider sovietico ao presidente norte-americano. Para muitos uma nova guerra se iniciara ali pois os paises que se uniram contra Hitler eram de ideologia e sistema diferentes. As bombas de Hiroshima e Nagasaki foram lançadas no Japão contra os sovieticos. O alcance destrutivo dessas bombas em alvos civis configurou um crime contra a humanidade. Mas as bombas tinham intenções politicas e os vencedores não seriam julgados. Estava começando a chamada "guerra fria". Os alvos tambem seriam a população civil tal como observamos depois na Coréia, Vietnã, Alemanha Oriental, Polonia, Hungria e tantos outros lugares.

Em Nagasaki existe O Parque da Paz cujo intuito é jamais esquecer a atrocidade final da II grande guerra. Inúmeros países realizarm monumentos para homenagear as vitimas do holocausto nuclear, inclusive o Brasil. Por razões lógicas, não há monumento algum de norte-americanos. Este parque tambem foi filmado por Akiro Kurosawa na pelicula Rapsódia em Agosto.

FLOR DO AMOR - POLONIA

HOMENAGEM DA HOLANDA 
             







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